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Sábado, às sete e meia da noite.
Estava deitada na minha cama lendo pela milésima vez o meu livro favorito e meu
celular vibra. Numa situação normal eu terminaria o capítulo e só depois
olharia a mensagem, mas nesses dias não. Eu sabia que a mensagem era dele. Era
ele quem estava gastando o -lindo- tempo digitando algo para me enviar. Eu
simplesmente não podia deixar de conferir. Marco a página, fecho o livro, pego
o celular, desbloqueio, abro o Whatsapp. Ações rápidas que para mim pareciam
demorar um século. “Ei, Rê! Tá ocupada?” Rá, nunca, se for pra você. “Queria
saber se você pode me ajudar com a matéria de literatura. Tô completamente
perdido, haha.” Até faço a prova por você, se quiser. OK, muita calma nessa
hora, vamos responder como se você não estivesse super afim dele. “Tô ocupada
não, Marcos! Posso te ajudar, mas não estudei ainda, você se importa?” Nossa,
você realmente mandou isso? Socorro. “Tá tudo bem, Rê, por mim. A gente podia
estudar juntos então, o que acha?” Como ele consegue ser tão fofo? ”Ótimo,
vamos combinar!” Será que isso conta como um encontro? Não né? Ah. “Na verdade
eu estava pensando em ir aí pra sua casa hoje, se você não tiver nada melhor
pra fazer... porque a prova é na segunda e eu preciso muito dessa nota para não
pegar a recuperação. =P” Para tudo. Ele está se oferecendo para vir aqui em
casa?! Ou eu sou a garota mais sortuda do mundo ou a mais nerd da sala. Acho
que é mais a segunda opção, mas enfim, digita logo antes que ele desista.
“Claro! Não tenho nenhum plano para hoje. Pode vir agora mesmo, se quiser.” Mas
e seu livro? A leitura dele é sagrada no sábado! Ah, deixa pra lá... Quando eu
terei a oportunidade de “sair” com ele de novo? “Tá, vou só trocar a roupa e
logo mais desço a rua. Valeu, Rê! Você é a melhor.” Melhor o quê, amiga, menina
ou colega de estudos? Como garotos confundem a cabeça da gente, viu. Levanto da
cama, dou um jeito na cara, passo o perfume e coloco o casaco que ele elogiou
na aula de geografia. “Mãe, o Marcos vem aqui em casa estudar literatura
comigo, tá? Por favor, mais tarde traz um lanche decente pra gente.” Ela
responde qualquer coisa que eu não entendo. Por que a minha mãe tem mania de
falar enquanto escova os dentes? Desnecessário. Campainha toca. Moramos na
mesma rua, mas não sabia que tão perto assim, acho que gosto disso. “E aí,
Marcos, pronto pra aprender tudo sobre o Modernismo?” “Ixi, Rê, não sei não,
hahaha!” Essa risada dele um dia ainda me derrete toda.
Nove horas da noite e eu ainda
estou falando sobre a Semana de Arte Moderna. Meu Deus, Mario de Andrade, Tarsila
do Amaral e a turma da esquina, me deem tempo de falar algo realmente relevante
para nós dois. Fechamos o caderno, minha mãe resolve trazer um lanchinho: suco
com cookies de chocolate, meus preferidos. “A Renata come uma caixa dessa
inteira se deixar, e sozinha ainda por cima!” Valeu, mãe, agora sou a gorda. “Mas
é bom que ela não engorda né, dona Silvia?” Bingo! Ele reparou que sou magra
uma vez, pelo menos. Minha mãe me olha. Sei o que aquilo quer dizer: vai fundo,
minha filha, que esse garoto aí eu aprovo. Céus, como ela sabe que eu gosto
dele? Mães. Ela volta pra cozinha e logo depois pro computador. Eu e ele,
sozinhos, de novo. Guardamos os cadernos uma hora depois. A matéria acabou e
junto com ela o nosso “encontro”. “Você é muito boa em dar aulas, Rê! Com
certeza vai ser uma ótima professora!” Aquele sorriso de novo. “Que nada, é só
porque eu gosto dessa matéria mesmo. O importante é que vamos arrasar na prova
segunda-feira.” Sorri. Ele sorriu. Quando vi, já estava presa em um abraço de
muito-obrigado. Fecho a porta pensando quanto tempo vai demorar para ele
perceber que eu me lembrarei desse abraço até o infinito e além. Sento na cama,
pego o livro e não consigo ler. Dez e meia de um sábado à noite.
Texto por: Virgínia Brasil
PS: Fique a vontade para comentar e copiar trechos, apenas não se esqueça dos devidos créditos. Obrigada por ler e um grande beijo.
O melhor dos seus posts é que são de coração, ótimo texto.
ResponderExcluirA expectativa sempre faz com que simples encontros se tornem um baile, e que noites de estudo seja melhor do que qualquer balada.
Muito obrigada, hahahaha! Sempre uso o coração, é a melhor fonte de inspiração... Mas vamos combinar, né, expectativa só é boa depois que passa o fato esperado, quando é excedida e superada; quando a gente cria e ela não vem, dá uma dorzinha lá no fundo, hihihihi. Um beijão, Rô! <3
ExcluirAbiiiiga, super quero uma continuação! Fiquei curiosa e cheia de expectativas! (◕‿◕✿)
ResponderExcluiraaaawn, muito obrigada abiga! Fico feliz que tenha gostado! <3
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